O acondicionamento de amostras é uma etapa muito importante para manutenção da qualidade no processo de realização dos exames. Cada amostra deve ser acondicionada conforme o exame solicitado. Para a maioria dos exames laboratoriais o acondicionamento ideal é sob refrigeração entre 2 e 8 ºC .
O material deve ser enviado ao laboratório em caixa térmica contendo quantidade suficiente de gelo reciclável. A amostra não deve ter contato direto com o gelo.
Alguns exames necessitam que o material seja mantido em temperatura ambiente já que a refrigeração ou congelamento pode alterar a amostra e consequentemente impedir a realização do exame.
Para a realização de alguns exames também é necessário que a amostra seja protegida da luz (frasco âmbar, papel-alumínio ou carbono).
Um acondicionamento mal feito pode causar a deterioração do material biológico (impedindo a realização do exame), resultados alterados, quebra ou vazamento do material, rótulos molhados e ilegíveis.
Na Medicina Veterinária os estudos hematológicos têm como finalidade confirmar a presença ou ausência de anormalidades sanguíneas, delimitar a extensão, o local do processo, estabelecer as causas de uma alteração sanguínea e servir de guia no prognóstico de casos clínicos.
Para que não existam alterações ou artefatos na amostra que possam levar a resultados errôneos, o sangue deve seguir conservando suas características físico-químicas e para isso existem produtos químicos denominados anticoagulantes que mantém o sangue coletado em seu estado líquido.
A primeira premissa a respeitar para realizar uma análise é que o sangue obtido e transferido para um tubo com anticoagulante não tenha coágulo, e a segunda é conservar sempre a proporção entre sangue e anticoagulante, pois o excesso de anticoagulante pode acarretar em: destruição das plaquetas com resultados falsos de plaquetopenia; degeneração citoplasmática dos neutrófilos, com presença de corpúsculos intracitoplasmáticos; vacuolização de monócitos e destruição e hemólise das hemácias com resultados falsos de hemoglobina e hematócrito.
*Não deve ser utilizado material reciclado. Os produtos utilizados para limpeza podem levar a uma destruição generalizada das hemácias e degeneração de todas as formas sanguíneas.
A – Coleta de sangue:
Coleta por punção venosa com seringa e colher no mínimo 2 ml de sangue. Colocar na geladeira (2 a 8ºC).
Local indicado para coleta de sangue em animais domésticos:
- Caninos e felinos: veia jugular, cefálica, femoral ou safenas.
- Ruminantes: veia jugular, coccígea média.
- Equinos: veia jugular.
Sangue com EDTA – Plasma (tubo com tampa roxa): É o anticoagulante de eleição para hematologia. A coagulação se evita pela eliminação do cálcio do sangue.
Sangue com Fluoreto (tubo com tampa cinza): Recomendado especificamente para a dosagem de glicose, pois inibe o processo de glicólise que ocorre nas hemácias, mantendo os níveis in vitro deste metabólito por mais tempo.
Sangue com heparina (tubo com tampa verde): O anticoagulante heparina ativa as antitrombinas, bloqueando assim a cascata de coagulação e produzindo uma amostra de sangue total com plasma.
Soro (tubo com tampa vermelha): Tubo seco, sem anticoagulante.
Passos básicos para uma boa coleta:
- Verificar sempre, antes da coleta, a necessidade ou não de anticoagulante e o anticoagulante a ser utilizado.
- Verificar se o exame exige um cuidado especial com o paciente ou com a coleta.
- Para os exames em que a coleta deva ser feita em tempos diferentes, comunique ao proprietário e cumpra rigorosamente estes tempos.
- O sangue deve ser colhido usando seringa e agulhas esterilizadas e secas.
- Tomar cuidado ao explorar o local da punção com agulha, pois pode liberar líquidos teciduais que poderão interferir nos resultados dos exames.
B – Esfregaço sanguíneo:
- Separar duas lâminas novas e desengorduradas;
- Manter uma lâmina horizontalmente entre o polegar e o indicador;
- Colocar uma pequena gota de sangue FRESCO (recém-colhido sem anticoagulante) na extremidade da lâmina;
- Colocar a outra lâmina a frente da gota em um angula de aproximadamente 35º;
- Fazer um ligeiro movimento para trás até o sangue se espalhar na ponta da lâmina;
- Com um movimento uniforme, para frente, fazer esta lâmina deslizar sobre a outra. Ela arrastará atrás de si o sangue que se espalhará em uma fina camada;
- Deixar secar ao ar e enviar ao laboratório em porta lâminas fornecido pela X-VET.
OBS:
- A gota de sangue não deve ser muito grande e proporcional a 5 microlitros de sangue. Com uma gota de tamanho adequado a distensão medirá aproximadamente 3 cm.
- O esfregaço não deve cobrir toda a lâmina, devendo apresentar cauda ou franja.
- Os esfregaços em camada delgada permanecem em ótimas condições técnicas por algumas semanas.
Colher 10 ml de amostra de urina por micção espontânea, com sonda ou por cistocentese. Acondicionar em recipiente apropriado (coletor universal ou tubo cônico) e refrigerar imediatamente (2 a 8ºC).
Para realização de urocultura, recomenda-se a coleta por cistocentese.
Colher 10 a 20 g ou 10 a 20 ml de amostra de fezes frescas, não expostas ao sol. O ideal é coletar diretamente do reto, caso não seja possível, coleta-se da porção que não entrou em contato com o solo. A amostra deve ser acondicionada em recipiente apropriado (coletor universal) e ser refrigerada (2 a 8ºC).
Colher 10 a 20 g ou 10 a 20 ml de amostra de fezes frescas, não expostas ao sol. O ideal é coletar diretamente do reto, caso não seja possível, coleta-se da porção que não entrou em contato com o solo. A amostra deve ser acondicionada em recipiente apropriado (coletor universal) e ser refrigerada (2 a 8ºC).
Amostra de conduto auricular: Colher a secreção com pinça ou espátula e colocá-la entre duas lâminas. Vedar as laterais com fita e enviá-las ao laboratório.
Amostra de pele: Em animais de pelo comprido, cortar o excesso de pelo com tesoura até cerca de 1,0cm da pele. Coletar o rapado de pele nas bordas da lesão, rapando profundamente até que ocorra sangramento utilizando preferencialmente lâmina de bisturi. Colocar entre duas lâminas com um pouco de óleo mineral para não ressecar a amostra e vedar as laterais com fita.
Quando a suspeita for sarna demódécia, comprimir fortemente a pele com os dedos e arrancar os pelos com o bulbo, pois este parasita reside na base do pelo.
* É de extrema importância que o animal não esteja sendo tratando por no mínimo 15 dias para evitar o resultado falso positivo.
Amostra de conduto auricular: Colher a secreção com pinça ou espátula e colocá-la entre duas lâminas. Vedar as laterais com fita e enviá-las ao laboratório.
Amostra de pele: Em animais de pelo comprido, cortar o excesso de pelo com tesoura até cerca de 1,0cm da pele. Coletar o rapado de pele nas bordas da lesão, rapando profundamente até que ocorra sangramento utilizando preferencialmente lâmina de bisturi. Colocar entre duas lâminas com um pouco de óleo mineral para não ressecar a amostra e vedar as laterais com fita.
Quando a suspeita for sarna demódécia, comprimir fortemente a pele com os dedos e arrancar os pelos com o bulbo, pois este parasita reside na base do pelo.
* É de extrema importância que o animal não esteja sendo tratando por no mínimo 15 dias para evitar o resultado falso positivo.
Colher secreção cutânea ou auricular com o auxílio do Swab (cotonete) estéril e acondiciona-lo no meio de transporte (swab Stuart).
No caso de amostras de urina ou fezes, envia - las imediatamente, após a coleta ao laboratório.
Cortar o excesso de pelo com tesoura deixando aproximadamente 0,5 cm de altura; retirar da lesão com uma pinça ou realizando um raspamento superficial (tipo tricotomia). Enviar pelos e caspas, evitando contaminação com sangue.
Dar preferência para a borda das lesões circulares e evitar pelos longos. Colher caspas e crostas no centro das lesões.
Fragmentos de unha enviar em tubo limpo e seco (coletor universal) e raspados de unha enviar entre lâminas.
Realizar a tricotomia, antissepsia de pele e deixar secar. Atenção para não palpar novamente a pele sobre a veia a ser puncionada. Coletar pelo menos de 2 ml e informar ao laboratório a suspeita diagnostica. Os frascos para hemocultura devem ser solicitados ao laboratório antes da coleta.
O exame citológico apresenta como característica principal a rapidez no diagnóstico quando comparada ao exame histopatológico, necessitando de pequena quantidade de material. Porém muitas vezes deve ser confirmado através de um exame histopatológico, pois não proporciona a visualização da arquitetura do tecido alterado. É indicado para diferenciar processos inflamatórios agudos ou crônicos e neoplásicos.
Citologia esfoliativa: Remover as células mais superficiais as lesão através de esfoliação (raspagem).
Citologia vaginal: Introduzir o swab no canal vaginal e rotacionar o mesmo. Realizar o rolamento em duas lâminas de vidro, seca-las ao ar, acondicionar em porta-lâminas e enviar ao laboratório.
Citologia por decalque (imprint ou claps): Coletar um fragmento de 1 a 2 cm do órgão ou nódulo a ser examinado, tirar o excesso de sangue com um papel toalha e fazer a impressão em uma lâmina limpa. Esta técnica é utilizada para lesões cutâneas, onde pressiona-se a lâmina contra a lesão.
Citologia por esmagamento (squash): Colocar uma lâmina sobre a outra, contendo um fragmento de 2 mm do material a ser examinado, comprimindo-as e espalhando o material.
Citologia aspirativa por agulha fina (CAAF): Neste método há remoção das células da lesão pela avulsão através dá utilização de uma agulha fina (30 mm x 0,7 mm ou 22 G).
Obtenção do material:
- Realizar a antissepsia do local;
- Acoplar a agulha à seringa;
- Fixar a lesão com os dedos indicador e médio;
- Manter o êmbolo da seringa posição ZERO e introduzir a agulha na lesão;
- Promover uma forte pressão negativa no interior da seringa e manter (5 ml);
- Promover movimentos de “vai e vem” com a agulha na lesão e em diversos planos diferentes (formando um leque), mantendo a pressão negativa sem permitir que a agulha saia de dentro da massa;
- Não deixar a agulha sair da lesão, evitando assim a entrada de ar na seringa e a sucção das células para o êmbolo da seringa. As células aspiradas devem permanecer até o canhão da agulha;
- Soltar o êmbolo da seringa desfazendo a pressão negativa;
- Retirar a seringa e agulha da lesão e desacoplar a agulha da seringa;
- Preencher a seringa de ar e acoplar novamente a agulha;
- Com o orifício do bisel da agulha voltado para a lâmina de microscopia, empurrar o êmbolo depositando o conteúdo contido na agulha contra esta. Fazendo isto na porção central ou em um dos quartos da lâmina;
- Promover a extensão do material encostando uma lâmina sobre a outra.
Os tecidos devem ser acondicionados, após serem lavados do sangue, em frascos com tampa. Envolver os tecidos que tendem a flutuar (pulmão e medula óssea) com gaze ou algodão. Manter o material em formol a 10% (no caso de Formol P.A., dilua uma parte de formol para 9 partes de água). O volume Ideal corresponde a cerca de 20 vezes o volume da peça a ser fixada. Cortar o tecido em fatias finas 1 a 2 cm, incluindo a lesão e algum tecido adjacente com aspecto normal.
Coletar o fluído com uma seringa plástica e passar cerca de 3 ml para o frasco de tampa vermelha e cerca de 3 ml para o frasco de tampa roxa. Manter em geladeira (2 a 8ºC) e enviar ao laboratório assim que possível.